Como o método baseado em jaulas prejudica os animais

Os indivíduos chamados “de laboratório” sofrem de muitas formas, diretas e indiretas, com o apego dos pesquisadores às metodologias baseadas em modelos animais.

Um dano direto é a dor aguda resultante de procedimentos realizados durante os experimentos com animais. Como o objetivo de muitas pesquisas é avaliar como o indivíduo reage quando exposto a uma determinada substância, condição ou situação de privação ou excesso, o desconforto, a dor e o medo são elementos quase sempre presentes

Para entender melhor, imaginemos um caso semelhante ao que tipicamente ocorre: para avaliar o efeito de uma substância na cicatrização de feridas, um pesquisador solicita um grande número de camundongos a um biotério com o intuito de provocar lesões na pele dos animais, separá-los em grupos que serão submetidos a diferentes tratamentos (exceto o grupo chamado de “controle”) e comparar os resultados. Nesse caso os impactos diretos esperados seriam a dor provocada pelas lesões na pele, o desconforto da contenção e manipulação, estresse do confinamento, desconforto e problemas comportamentais gerados pelo medo e frustração. 

Este foi apenas um exemplo possível envolvendo camundongos, mas tanto os testes quanto às espécies de animais usados variam de acordo com os objetivos da pesquisa. Porém, a dor, o estresse e o medo são elementos praticamente constantes na maioria dos casos.

Em termos de impactos indiretos, o uso de animais para testes reforça um paradigma de exploração, no qual os animais são moralmente e juridicamente vistos como instrumentos que devem servir ao bem humano. Esse modo de fazer ciência é intrinsecamente prejudicial para os animais pois normaliza e reforça as relações de abuso mundialmente institucionalizadas e mantém os animais em situação de vulnerabilidade, caracterizando um dano colateral, ou indireto. 

Quando um animal nasce em situação de laboratório, sofrerá devido aos procedimentos invasivos aos quais será submetido ou outras ações sabidamente deletérias como infecções induzidas por inoculação de bactérias, fungos ou vírus. Além disso, ele também sofrerá, indiretamente, em razão do rótulo moral, social e político que lhe é atribuído: animal de laboratório. Nessa sociedade, um animal “de laboratório” nasce para sofrer. 

Mas isso pode mudar. Há cada dia mais evidências de que continuar explorando animais é uma escolha e não uma necessidade, como se costuma alegar.

O Fórum Animal parabeniza todas as pessoas que contribuem para a mudança desse paradigma.

Hoje saudamos especialmente as cientistas Julia de Toledo Bagatin, Denisse Esther Mallaupoma Camarena, Luciana Harumi Osaki, Vanessa M. Freitas, Renaira Oliveira da Silva, Juliana C. Lago Nold e Silvya Stuchi Maria-Engler. 

Parabéns pela contribuição de vocês à ciência (sem jaulas) mundial!

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