Febre Maculosa – Os animais não são vilões

Haiuly Viana, do Fórum Animal

O Estado de São Paulo confirmou 3 casos de óbito por febre maculosa de pessoas que tinham participado de uma festa na região de Campinas, interior do estado, e área endêmica para a doença. Outros casos estão em investigação.

A ampla divulgação dos casos tem sua importância na prevenção de outros casos, mas é preciso cuidado na forma como a divulgação é realizada para não culpar quem não tem culpa, no caso, os animais hospedeiros da bactéria. 

Assim como aconteceu com outras doenças zoonóticas, a divulgação de que parte do ciclo da doença envolve animais, como as capivaras, pode estigmatizar mais uma espécie animal, que passa a ser associada negativamente a estes casos.

A febre maculosa, é causada por uma bactéria chamada Rickettsia rickettsii que é transmitida por picada de carrapatos infectados, popularmente conhecidos como “carrapatos-estrela”, do gênero Amblyomma (o A. sculptum e o A. aureolatum). 

Estes carrapatos têm em seu ciclo hospedeiros animais (cavalos, bovinos e capivaras), menos comuns-  cães domésticos e outras espécies. As fases mais jovens dos carrapatos também podem transmitir a febre maculosa. O ser humano é considerado um hospedeiro acidental. Para que a transmissão ocorra, é preciso que o carrapato permaneça por pelo menos 4 horas se alimentando do sangue dos animais ou pessoas. 

Portanto, é essencial a ampla divulgação de medidas preventivas e cuidados quando frequentar áreas rurais. Entre elas, que os locais de risco para febre maculosa sejam identificados por placas, que os serviços de saúde públicos e privados, considerem a doença como diagnóstico diferencial, uma vez que os sintomas iniciais são muito inespecíficos e incluem febre, dor no corpo e dor de cabeça. Com a evolução da doença, aparecem manchas vermelhas pelo corpo. O tratamento precoce é essencial para oferecer maiores chances de recuperação dos pacientes.  

As áreas de pasto precisam ser mantidas limpas e aparadas. Ao participar de eventos em áreas de mata, use roupas longas e sapatos fechados – de preferência cores claras para facilitar a procura de carrapatos.E em casos de passeios ou trilhas na mata, inspecione o corpo a cada 2-3 horas para certificar que não tem carrapatos aderidos.

Para a prevenção de infestação de carrapatos em animais domésticos, há produtos carrapaticidas adequados e que podem ser utilizados com orientação veterinária, tanto no animal quanto para controle ambiental. Evite remover e apertar os carrapatos com os dedos. Utilize uma pinça e faça movimentos circulares delicados.

Não há transmissão direta entre animais e pessoas É preciso a presença do carrapato infectado se alimentando para que a transmissão aconteça;

O risco de contato com essa espécie de carrapato é maior em áreas rurais da região Sudeste (que concentra o maior número de casos). Mas esteja atento, tome as medidas preventivas preconizadas mas sem pânico. A informação salva vidas e impede a culpabilização dos animais.

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