No dia 28 de Setembro é comemorado o Dia Mundial Contra a Raiva (DMR). A data foi estabelecida pela Aliança Global para o Controle da Raiva (GARC) e reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A raiva é uma zoonose transmitida por um vírus altamente letal tanto para o humanos como para os animais não humanos que causa alterações neurológicas severas e evolui para óbito em quase 100% dos casos. Continua sendo um grande problema de saúde pública mundial e todos os mamíferos (cães, gatos, morcegos, animais silvestres e outros) são suscetíveis e podem transmitir o vírus.
Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) indicam que:
- A raiva está presente em todos os continentes e afeta mais de 150 países
- Causa mais de 59000 mortes anuais
- 95% dos casos na África e Ásia;
- Há uma subnotificação generalizada
- Na maioria dos países,99% dos casos envolvem cães;
- Os casos de raiva transmitida pela mordedura de cães afeta especialmente populações pobres de áreas rurais;
- Metade dos casos ocorrem em crianças menores de 15 anos
Importância da vacinação antirrábica em cães e gatos no Brasil
O Brasil, se comparado ao cenário mundial apresentado, tem uma situação epidemiológica privilegiada, graças às estratégias de vacinação animal e manejo populacional de cães e gatos.
A vacinação antirrábica canina e felina foi implantada em todo o território nacional em 1973. As ações de vacinação massiva de animais, associadas a políticas de manejo populacional resultaram num decréscimo significativo nos casos de raiva nessas espécies, com permitindo um controle da raiva urbana no país.
Na série histórica de 1999 a 2017, o Brasil saiu de 1.200 cães positivos para raiva em 1999 (incluindo em sua maioria as variantes 1 e 2, típicas desses animais), para 11 casos de raiva canina em 2021, todos identificados como variantes de animais silvestres, exceto um em que não foi possível a caracterização.
Desde 2016 os casos de raiva em cães e gatos têm sido identificados como de morcegos e da variante compatível com canídeos silvestres.
O status de vacinação antirrábica canina e felina variam conforme os estados do país. Estados da região Sul, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul não realizam campanhas massivas de vacinação desde 1995. Em 2021, o Estado de São Paulo também suspendeu as campanhas, sendo a vacina mantida nos serviços públicos em pontos fixos de vacinação, como as Unidades de Vigilância de Zoonoses.
No período de 2012 a 2018, as coberturas vacinais de cães sofreram variações na quase totalidade dos municípios do país, sendo que em alguns anos, menos de 70% dos municípios alcançaram a meta de vacinação de 80% da população canina estimada. Das 23 unidades federadas que realizaram campanha nacional de vacinação contra a raiva em cães e gatos no ano de 2021, apenas 12 enviaram os dados da cobertura vacinal alcançada. Com base nesses dados, o Brasil apresenta uma cobertura vacinal de 60,4%
Raiva humana no Brasil
Em 2022 foram confirmados cinco casos de raiva humana no Brasil, em todos eles foram identificados a do morcego. No ano de 2023, até o presente momento, dois casos de raiva humana foram notificados no Brasil. O primeiro caso foi transmitido por um bovino infectado com variante de morcego, o segundo caso foi notificado em um homem agredido por um primata não-humano (Callithrix jacchus).
Todos contra a raiva
Em 2015, uma mobilização com diversas organizações internacionais, entre elas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Aliança Global para o Controle da Raiva (GARC) uniram forças para atuar colaborativamente no “Todos contra a Raiva” (United Against Rabies).
Entre as medidas importantes estão:
- Ampla cobertura vacinal nos cães e métodos de vacinação oral em outras espécies (silvestres);
- Manejo das populações de animais;
- Profilaxia em pacientes expostos;
- Educação da comunidade;
- Vigilância epidemiológica;
Lembrando que a raiva é transmitida através do contato com a saliva de animais infectados.
A prevenção da doença nos animais garante sua saúde e bem-estar, mas também protege a saúde das pessoas e do meio ambiente.
A melhor maneira de proteger os animais e as pessoas é a vacinação! Vacina é um ato de responsabilidade com o animal e com o coletivo!
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Referências
Zero by 30: the global strategic plan to end human deaths from dog-mediated rabies by 2030 (who.int)
Cobertura vacinal de cães e gatos — Ministério da Saúde (www.gov.br)