Nos últimos anos, o tráfico de animais silvestres tem se tornado um problema cada vez mais evidente, suscitando uma série de preocupações ambientais e de segurança. As forças de segurança pública têm intensificado seus esforços para combater esse comércio ilegal, resultando em frequentes apreensões de animais em situações de risco. Um exemplo recente disso ocorreu no Aeroporto de Foz do Iguaçu, no dia 20 de outubro de 2023, quando cinco filhotes de pássaros nasceram a partir de ovos encontrados escondidos no sutiã de uma passageira.
Essa apreensão é apenas um exemplo entre muitos que ocorrem em todo o mundo. Recentemente, no estado do Amazonas, autoridades conseguiram resgatar um grupo de répteis, incluindo iguanas e serpentes, que estavam sendo contrabandeados em malas de viagem para “colecionadores”. Além disso, na região do Pantanal, um grupo de macacos-pregos foi encontrado quando traficantes tentaram vendê-los como animais de estimação exóticos. De acordo com um artigo publicado na Revista Fórum, em outubro de 2023, as autoridades brasileiras estão lidando com um crescente impacto do tráfico de animais silvestres na fauna de diferentes regiões do país.
Entretanto, uma questão que merece destaque é o destino desses animais após serem retirados do tráfico ilegal. Muitos deles enfrentam um futuro incerto, já que existem diversos fatores que tornam a situação complexa.
1. Reabilitação e Reintrodução: O ideal é que os animais apreendidos sejam reabilitados e, sempre que possível, reintroduzidos em seu ambiente natural. Isso envolve cuidados veterinários, treinamento para sobrevivência na natureza e a criação de condições ideais para a soltura. Infelizmente, nem todos os animais podem ser reintegrados com sucesso, seja devido a danos físicos, traumas psicológicos, ou outros fatores.
2. Cativeiros: Muitos animais apreendidos acabam em cativeiros, seja temporariamente durante o processo de reabilitação, ou permanentemente, quando não é possível sua reintrodução. O destino em cativeiro nem sempre é adequado, e os animais podem sofrer em condições precárias, sendo vítimas de exploração.
3. Tráfico Interno: Outro desafio é que, em muitos casos, o tráfico de animais ocorre no próprio país, e os animais apreendidos podem ser vítimas de redes criminosas locais. Isso torna a situação ainda mais complicada, pois a fiscalização e ações de combate ao tráfico precisam ser constantes para coibir a demanda por esses animais.
4. Educação e Conscientização: Além das apreensões, é crucial investir em educação ambiental e conscientização da população para reduzir a demanda por animais silvestres como animais de estimação ou objetos de coleção. É importante entender que a compra desses animais alimenta o tráfico ilegal e o sofrimento animal.
A apreensão e o resgate de animais vítimas do tráfico são apenas o primeiro passo para garantir sua segurança e bem-estar. Os desafios relacionados ao destino desses animais são multifacetados, e a conscientização, a educação e o comprometimento com a proteção da fauna silvestre são essenciais para enfrentar esse problema de forma eficaz. O objetivo final deve ser minimizar a necessidade de apreensões e resgates, evitando que animais inocentes se tornem vítimas do tráfico.
Autora:
Thayara Nadal, médica veterinária e assessora do projeto Vida Silvestre, Vida livre do Fórum Animal