Artigo de Taylison Santos, Diretor-Executivo do Fórum Animal
Em seu livro: “Por que Amamos Cachorros, Comemos Porcos e Vestimos Vacas: uma Introdução ao Carnismo”, a psicóloga social Melanie Joy, graduada na Universidade de Harvard e especialista em relações, comunicação e transformação social, investiga por que damos mais valor a determinadas vidas do que a outras. Ela também estuda por que ignoramos as evidências de que os animais têm consciência e de que não precisamos de carne em nossa alimentação – pois, na maioria das vezes, vivemos mais tempo e melhor sem ela.
Coincidência ou não, o livro inicia com uma cena de jantar entre amigos, e a anfitriã da casa anuncia que a carne que serviu para os convidados era a carne de um Golden Retriever, o que causa espanto nos convidados. A partir dessa cena, gera-se o debate de por que nos espantamos e consideramos moralmente o cão, mas não nos sensibilizamos com os demais animais que são explorados diariamente para atividades como alimentação, entretenimento e esporte para seres humanos.
O caso do cachorro Joca, também um Golden Retriever, exemplifica perfeitamente como a dissonância cognitiva (ou seja, a contradição entre suas crenças e seus comportamentos) opera entre os que comem carne e dizem amar e proteger os animais.
Precisamos lutar contra toda e qualquer forma de exploração, não importa de onde venha. Também precisamos lutar contra a má qualidade no tratamento, atendimento ou manejo na vida dos animais. Todos os animais são seres sencientes e merecem respeito. Todos são seres dignos de uma vida, com direito a expressar seus comportamentos naturais; ter um ambiente adequado para sua espécie; ter acesso à nutrição adequada e à água potável; receber tratamento de doenças e ferimentos, que muitas vezes são causados pelos próprios humanos; e o principal, os animais precisam ter o seu estado mental contemplado dentro das esferas de bem-estar, ou seja, estarem livres de dor, de fome, sede, medo, debilidade, solidão, ansiedade, frustração, depressão e desesperança.
Alguns dos principais argumentos que Melanie Joy traz, em sua obra, podem trazer luz aos pontos que devemos melhorar enquanto espécie humana:
- Carnismo como uma ideologia invisível: Joy argumenta que o carnismo é uma ideologia invisível, o que significa que está tão profundamente enraizada na cultura e na sociedade que muitas pessoas a seguem sem questionar. A especialista compara o carnismo ao racismo e ao sexismo, destacando como essas ideologias tóxicas também costumavam ser aceitas como normais.
- Duplo padrão de consideração moral: Joy explora o fenômeno do “carnismo”, onde animais como cachorros e gatos são vistos como membros da família e dignos de amor e cuidado, enquanto outros animais, como porcos, vacas e galinhas, são considerados meramente como objetos para consumo.
- Mecanismos de defesa psicológica: Joy descreve os mecanismos psicológicos que as pessoas empregam para justificar o consumo de carne, como a negação (negar a realidade do sofrimento animal), a desconexão (separar mentalmente os animais da carne que se come) e a desculpabilização (justificar o consumo de carne com argumentos como a tradição ou a necessidade nutricional).
Se você concorda que todos os animais são dignos de terem vidas plenas, compartilhe essa reflexão com os amigos que precisam entender que todas as vidas importam!