O Ibama determinou que as girafas importadas pelo Bioparque do Rio de Janeiro devem ser enviadas de volta para países africanos, como Angola e África do Sul, ou para zoológicos. Além disso, o órgão federal multou a empresa por maus-tratos e ordenou a perda da posse dos animais.
Há três anos, em novembro de 2021, começava este caso grave de tráfico de animais: 18 girafas foram trazidas da África para o Brasil para serem exploradas como “atração” pelo BioParque.
O caso é assombroso: pouco tempo após serem trazidas, seis girafas tentaram fugir de seu cativeiro e foram recapturadas. Três morreram. Em pouco tempo, denúncias de maus-tratos foram se avolumando. Em 2023, uma quarta girafa não resistiu e morreu.
Na época do início do caso, o Fórum Animal, em conjunto com outras ONGs, entrou com ação na Justiça para cobrar condições dignas para as girafas. Deu resultado: decisões favoráveis determinaram que as girafas fossem alocadas em espaços maiores, além de suspenderem as licenças de importação.
Atualmente, 14 das 18 girafas são mantidas em um resort em Mangaratiba (RJ).
Em entrevista ao Portal G1, a coordenadora de fauna do Ibama, Gracicleide Braga, afirmou que estão sendo avaliadas outras destinações para as girafas, com o Zoológico de Curitiba. “Esse processo de destinação, esperamos finalizar até o primeiro semestre [de 2025]”, considerando que é necessário avaliar a saúde e o bem-estar dos animais antes de qualquer transporte.
Para a diretora jurídica do Fórum Animal, Ana Paula Vasconcelos, transferir as girafas para um zoológico não é uma solução, pois significaria continuar a exploração dos animais. “Nós entendemos que as girafas não podem ser enviadas para um zoológico, uma vez que elas serão exploradas, e o objetivo de quem [as] trouxe de maneira ilegal será atingido”, afirmou.
“Não é justo, depois de tudo que aconteceu, da ilegalidade e do escândalo, que esses animais ainda sirvam para o entretenimento humano”, ponderou a diretora jurídica.
As multas ao Bioparque ultrapassam R$ 4 milhões. Laudos de necropsia indicam que as girafas sofreram antes de morrer, apresentando hematomas, lesões e coágulos.
A Polícia Federal considera este o maior caso de tráfico de animais no Brasil. Investigadores da PF revelaram que as girafas estavam em baias de 31 metros, com iluminação precária, alta umidade, espaço restrito e cercadas de dejetos. As reportagens apontam que o Bioparque realizou reformas e ampliou o espaço de circulação dos animais.
O caso está na Justiça. O Tribunal de Justiça do Rio informou que o processo está em Mangaratiba e foi submetido ao juiz para análise.