A Neuralink, empresa de dispositivos médicos de Elon Musk, está sob investigação federal nos Estados Unidos devido a denúncias de maus-tratos a animais submetidos a testes laboratoriais. Relatos indicam que a pressão por acelerar experimentos resultou em procedimentos mal executados, causando sofrimento e mortes desnecessárias de primatas. A empresa agora enfrenta avaliações sobre suas práticas de pesquisa e o cumprimento das regulamentações de bem-estar animal.
Embora esse caso tenha chamado a atenção internacional, vale lembrar que experimentos invasivos ocorrem todos os dias, em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil. Estima-se que, anualmente, cerca de 200 milhões de animais sejam explorados globalmente para fins de pesquisa. Esses animais são submetidos a diversos testes invasivos, não apenas para o desenvolvimento de novos medicamentos, mas também para avaliar a toxicidade de inúmeros produtos, como agrotóxicos, cosméticos, brinquedos e outros itens de consumo. Mais de 40 países já proibiram testes em animais para cosméticos, mas o Brasil não está entre eles.
Nas universidades e institutos de pesquisa, são conduzidos tanto estudos básicos, que investigam fenômenos biológicos e fisiológicos sem aplicação imediata, quanto estudos aplicados, voltados para a criação de produtos ou tratamentos específicos. Além disso, ensaios clínicos são realizados em animais antes da comercialização de fármacos veterinários, como antipulgas, vermífugos e vacinas.
Outro aspecto é que animais são mantidos e criados em laboratórios não apenas para experimentação direta, mas também para servirem de alimento para outros animais envolvidos em pesquisas. No Brasil, aproximadamente 2,5 milhões de animais são usados anualmente em estudos científicos. Nos Estados Unidos, esse número varia entre 12 e 25 milhões por ano.
Assim como a Neuralink, diversas empresas e instituições realizam procedimentos invasivos em primatas e outras espécies, levantando preocupações éticas sobre o tratamento desses animais. Enquanto aguardamos mais informações sobre a investigação nos EUA, é essencial que voltemos nosso olhar para o contexto brasileiro, onde irregularidades também podem estar acontecendo neste momento.
A lei brasileira prevê diretrizes para o uso de animais em pesquisa, e a sociedade precisa estar atenta a possíveis infrações. Se você souber de práticas inadequadas ou irregulares, denuncie ao CONCEA. Somente com fiscalização e compromisso com a proteção animal poderemos avançar rumo a um modelo de pesquisa mais ético e humanitário.