Artigo de Haiuly Viana, Gerente Técnica do Fórum Animal
O Ministério do Esporte regulamentou no dia 31 de dezembro as apostas on-line no Brasil, permitindo que empresas ofereçam apostas em várias modalidades, como vaquejada, capoeira, MMA e automobilismo, além de esportes mais tradicionais. As apostas serão feitas em sites autorizados, com domínio determinado pelo governo. A regulamentação também proíbe apostas em eventos não profissionais e envolvendo menores de idade.
A lista de esportes inclui tanto atividades populares quanto eventos oficiais como o Brasileirão e as Olimpíadas. Ao autorizar apostas em competições com animais, como as vaquejadas e corridas de cavalos, o governo acaba incentivando que os animais permaneçam sendo vistos como simples mercadorias. E o dinheiro gerado nesta prática vai financiar sofrimento animal e perpetuar a exploração destes seres sencientes.
Vaquejadas e corridas de cavalo não deveriam ser consideradas esportes, uma vez que a participação em uma modalidade esportiva deveria ser uma escolha individual e os animais não escolheram participar de algo que tem alto potencial de lhes causar sofrimento físico e mental.
“Bets” é uma gíria para plataformas de apostas, especialmente aquelas online, que permitem aos usuários apostar em resultados de eventos esportivos. Essas empresas operam com regulamentação específica, e no Brasil, estão sendo autorizadas a oferecer apostas em uma variedade de esportes, conforme a nova regulamentação do Ministério do Esporte.
As apostas em plataformas de “bets” podem ter impactos negativos na vida das pessoas, como o vício em jogos de azar, problemas financeiros devido à perda de dinheiro e, em casos extremos, dificuldades psicológicas, como ansiedade ou depressão. Além disso, a facilidade de acesso a essas apostas online pode aumentar a exposição a riscos para pessoas vulneráveis. A premissa das propagandas feitas por inúmeros influenciadores de “jogue com responsabilidade” é uma falácia, haja visto que a prática pode causar vício, endividamento e incapacidade do envolvido de buscar ajuda.
Uma pesquisa mostra que os brasileiros perderam R$ 23,9 bilhões em apostas esportivas em um ano, com impacto maior nos mais pobres. Outro relatório mostra que, desde 2018, o percentual da renda familiar gasto com apostas passou de 0,8% para 1,9%, podendo chegar a 2,4%, segundo estimativas com base em dados do Banco Central.
Os dados comprovam o impacto negativo que tais plataformas vêm causando na população. Agora, para além do sofrimento gerado às pessoas, as práticas contribuirão com o patrocínio de sofrimento animal e enriquecimento de quem os explora. Devemos seguir nos revoltando e lutando contra retrocessos em nome da ganância humana!