Por que alguns insistem em manter “tradições” cruéis?

A “farra do boi” é uma prática abominável que apesar de proibida no Brasil continua a acontecer clandestinamente no litoral do Estado de Santa Catarina e todos os anos faz novas vítimas.

Segundo historiadores, a prática teria uma origem religiosa e o bovino agredido representaria a prática católica de “malhação do Judas” realizada na quaresma.

Originou-se em Portugal, região dos Açores e consistia em soltar um bovino pela cidade para ser “farreado”, ou seja, perseguido, incitado, atacado e agredido pelos chamados “farristas”. Após essas sessões de violência absurda o animal era abatido. Existem práticas semelhantes na Espanha também, como a corrida de São Firmino em Pamplona, quando touros são soltos nas ruas e perseguidos e agredidos por milhares de pessoas. 

A “tradição” chegou ao Brasil com os imigrantes que se estabeleceram em  Santa Catarina. Tradições se transformam e devem acompanhar o avanço da sociedade, os valores éticos e o conhecimento da ciência que reconhece os animais como seres sencientes, conscientes e detentores de dignidade própria. Após muita mobilização da sociedade e entidades de proteção animal, a prática foi proibida e hoje é considerada crime previsto em lei. Em 1997, o Supremo Tribunal Federal julgou a prática inconstitucional considerando-a intrinsecamente cruel.

Entretanto, todos os anos são denunciadas a ocorrência de farras de boi, sem que medidas mais duras sejam tomadas. Os envolvidos geralmente não são presos e o animal, se não for morto durante a perseguição pelos farristas, é morto depois pelas autoridades municipais por questões sanitárias. Além disso,  é comum que animais desesperados para fugir de seus agressores se envolvam em acidentes e venham a óbito. Infelizmente, o desfecho é sempre cruel:  a vítima sendo condenada à morte.

A grande questão é que mesmo após mais de duas décadas de sua proibição, essa crueldade persiste e continua tendo adeptos. Os serviços de fiscalização, mesmo com apoio policial e leis que preveem a aplicação de multas pesadas não estão conseguindo impedir a realização dessa barbárie.

DENUNCIE! Não seja conivente com essa prática cruel.


texto: Haiuly Viana

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