Os anfíbios são uma classe fascinante de animais que inclui sapos, rãs, salamandras e cecílias. Eles estão enfrentando um desafio existencial como resultado da degradação ambiental e crise climática que assola nosso planeta. Um artigo conduzido por mais de mil pesquisadores de diferentes países e publicado na revista Nature confirma que a crise climática pode exterminar 40% das espécies de anfíbios nas próximas décadas, o que equivale a duas a cada cinco espécies. Para entendermos como isso é especialmente devastador para os anfíbios, a ameaça de extinção para outros grupos de animais é de 26,5% espécies de mamíferos, 21,4% de répteis e 12,9% de aves.
Os anfíbios são animais muito sensíveis a alterações ambientais, pois dependem de certo grau de umidade e temperatura para respirar, se desenvolver e reproduzir. Além disso, não conseguem se movimentar em grandes distâncias, o que limita sua capacidade de buscar ambientes mais adequados quando o local em que estão é degradado. Segundo o estudo, podemos indicar como principais ameaças aos anfíbios:
- Perda de Habitat: A expansão urbana, a agricultura intensiva e a exploração madeireira resultam na destruição de florestas e áreas úmidas que são essenciais para a sobrevivência dessas espécies. Com menos lugares para se abrigar e reproduzir, muitos anfíbios estão lutando para se adaptar.
- Mudanças Climáticas: A elevação da temperatura e as alterações nos padrões de chuva afetam levam a desequilíbrios nos ecossistemas aquáticos e terrestres que afetam a ecologia dos anfíbios. Isso resulta em uma diminuição das fontes de alimento e abrigo para esses animais.
- Doenças Emergentes: A disseminação de doenças fúngicas, como o quitrídio, tem devastado populações de anfíbios em todo o mundo. Essas infecções podem se espalhar rapidamente devido ao comércio internacional de animais, a interferência humana em reservas ambientais e à degradação de habitats.
- Poluição: A contaminação da água e do ar por substâncias químicas tóxicas afeta diretamente os anfíbios, que possuem pele permeável e são extremamente sensíveis a mudanças ambientais. Produtos químicos agrícolas, poluentes industriais e resíduos plásticos estão contribuindo para o aumento da vulnerabilidade destes animais.
A extinção dos anfíbios pode trazer consequências significativas para os ecossistemas, uma vez que eles desempenham papéis cruciais na cadeia alimentar (são alimento para aves, répteis e mamíferos) e no controle de populações de outros animais, como os insetos.
Além do impacto ecológico, não podemos perder de vista o impacto ético que a extinção desses animais representa. São primordialmente ações humanas evitáveis que estão levando esse grupo de animais ao declínio. Portanto, temos total responsabilidade por isso e o dever de impedir que mais animais desapareçam da natureza. Infelizmente, o estudo recente indica que de 2004 a 2023 quatro espécies de anfíbios já são consideradas extintas e mais 27 se somaram às 123 espécies já consideradas possivelmente extintas, totalizando 160 espécies.
Para proteger os anfíbios da extinção iminente, é essencial agir imediatamente. Devemos priorizar a conservação de habitats, a regulamentação de produtos químicos tóxicos, a mitigação das mudanças climáticas e o controle das doenças. Além disso, a conscientização pública sobre a importância dos anfíbios na biodiversidade global é fundamental para mobilizar ações em seu benefício.
Em resumo, a crise ambiental e a perda de habitat está dizimando os anfíbios no mundo, ameaçando levar quase metade das espécies à extinção. A proteção desses animais não é apenas uma questão de conservação, mas também um dever ético da humanidade e medida crucial para a saúde de nossos ecossistemas e para o futuro de nosso planeta. É hora de reconhecer e abordar esse risco iminente antes que seja tarde demais.
Autores:
Thayara Nadal, assessora do projeto Vida Silvestre, Vida livre do Fórum Animal
Luiz Rezende, gerente do projeto Vida Silvestre, Vida livre do Fórum Animal
