O Pantanal é um dos tesouros naturais do Brasil e abriga uma rica diversidade de fauna e flora. O bioma é considerado o local de maior concentração de onças-pintadas do planeta. No entanto, nos últimos anos, o Pantanal tem sido frequentemente devastado por queimadas, com fortes suspeitas de que sejam criminosas.
Tivemos um alerta sobre isso em 2020, quando grande parte do Pantanal pegou fogo e centenas de milhares de animais foram dizimados. Agora, assistimos novamente a propagação de um incêndio que já dura um mês e destruiu 21% (23 mil hectares) do Parque Estadual Encontro das Águas, em Mato Grosso.
As queimadas no Pantanal ameaçam cada vez mais a biodiversidade local e causam impacto severo na vida dos animais silvestres que dependem desse ambiente único. Muitos não conseguem escapar a tempo e morrem queimados ou sufocados pela fumaça.
Aqueles que conseguem fugir podem ter que lidar para sempre com sequelas no corpo, além dos desafios de terem perdido parte ou totalmente o seu habitat. São seres que estão pagando com suas vidas pela negligência e irresponsabilidade humana.
O desmatamento ilegal, a expansão da agricultura extensiva e a prática inadequada de queimadas para manejo do ambiente são algumas das atividades humanas que contribuem para o aumento das chamas na região, isso sem considerar possíveis ações criminosas contra o meio ambiente. Além disso, a ocorrência de secas mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas também têm desempenhado um papel crucial para agravar esse problema.
São exemplos de animais afetados por incêndios no Pantanal:
a. Onças-pintadas: Estes majestosos felinos são emblemáticos do Pantanal e têm sido vítimas das queimadas. Suas presas naturais estão em declínio devido à destruição do habitat e à redução das fontes de água.
b. Antas: As antas, que desempenham um papel importante na dispersão de sementes na região, têm dificuldade em encontrar comida e água devido à destruição de seu ambiente natural.
c. Aves migratórias: O Pantanal Norte é um importante ponto de parada para aves migratórias, e as queimadas prejudicam sua capacidade de encontrar abrigo e alimento.
Especificamente o Parque Encontro das Águas, que tem sido afetado pelo incêndio recente, é uma região importante dentro do Pantanal, conhecida por sua diversidade de fauna. Neste local, animais como capivaras, jacarés, garças e inúmeras espécies de peixes são afetados pelas queimadas.
Estes animais, que dependem das áreas alagadas, são forçados a se deslocar em busca de novos locais para sobreviver quando enfrentam incêndios. Isso aumenta sua vulnerabilidade aos predadores e aos seres humanos. Além disso, a poluição da água resultante das queimadas pode afetar a qualidade do habitat aquático, prejudicando a fauna aquática que é vital para o ecossistema.
Diante de tudo isso, é fundamental destacar a necessidade de programas de resgate e reabilitação de animais feridos pelas queimadas. Organizações de conservação desempenham um papel crucial nesse aspecto, assegurando a sobrevivência de espécies ameaçadas e sua posterior reintrodução na natureza.
Todo o nosso reconhecimento ao trabalho de cada pessoa na linha de frente do combate ao incêndio e o socorro aos animais. Em especial, destacamos o trabalho feito pelo GRAD (Grupo de Resgate de Animais em Desastres).
Para preservar a biodiversidade e garantir um futuro sustentável para o Pantanal, é também fundamental que a sociedade, governos e organizações de conservação se unam para combater as causas das queimadas e implementar medidas de recuperação e conservação. Somente através de um esforço conjunto podemos assegurar que a biodiversidade do Pantanal e de outros biomas do planeta seja respeitada e preservada.
Autores: Thayara Nadal, Médica Veterinária no projeto Vida Silvestre, Vida livre do Fórum Animal e Luiz Rezende, Biólogo no projeto Vida Silvestre, Vida livre do Fórum Animal.
