“Navio da morte”. Esse é o único nome possível para descrever as condições precárias que foram encontradas por ONGs que atuam com proteção animal na embarcação “Al Kuwait”, que partiu do Brasil levando cerca de 19 mil bovinos vivos para serem exportados rumo ao Iraque (no Oriente Médio).
Desde anteontem (dia 18), o navio está atracado na Cidade do Cabo, na África do Sul. O odor dos excrementos que emana da embarcação é tão forte que, segundo a imprensa local, tem sido tratado como um risco à saúde das pessoas. O cheiro ultrapassou a zona portuária e atingiu o Distrito Comercial Central da cidade, segundo o portal de notícias sul-africano “Daily Maverick”, levando empresas a liberarem seus funcionários do trabalho mais cedo.
Organizações locais de proteção animal, como a Cape of Good Hope SPCA (a sigla SPCA significa, em geral, “Sociedade para Prevenção da Crueldade com os Animais”), entraram na Justiça e obtiveram autorização para inspecionar o navio, com o objetivo de garantir o bem-estar dos animais embarcados.
“Esse odor é um indicativo das condições terríveis que os animais enfrentam, já tendo passado duas semanas e meia a bordo, com acúmulo de fezes e amônia”, afirmou a SPCA, em um comunicado. “O mau cheiro a bordo é inimaginável, mas os animais enfrentam isso todos os dias”.
Ao menos três veículos de imprensa local, como News24, IOL (Independent Online) e Cape Town Etc, apelidaram a embarcação de “Navio da Morte”, nome que está sendo usado também pelas ONGs locais. Segundo relatos na imprensa, as condições dos animais são terríveis, com bovinos obrigados a deitarem em suas fezes e urina nos últimos oito dias.
Segundo o site “Eyewitness News”, oito animais perderam a vida – três já estavam mortos no momento da inspeção realizada pelas ONGs. Além deles, “tivemos que sacrificar cinco animais devido a ferimentos, por orientação de nosso veterinário, para aliviá-los de qualquer sofrimento”, afirmou a representante de uma das ONGs, Grace de Lange.
As péssimas condições dos animais neste navio nos relembra as razões para que tantas organizações de proteção animal, nacionais e internacionais, lutem pelo fim desta prática que gera sofrimento adicional e humilhação para seres sencientes tão indefesos. Além disso, as imagens por si desmentem as alegações de quem defende essa prática que claramente é incompatível com o bem-estar e dignidade animal.
Autor: Rafael Sampaio, Jornalista e Gerente de Campanhas e Comunicação do Fórum Animal