Antes de abordarmos o papel dos CETRAS na conservação, é fundamental compreender a diferença entre CETAS e CETRAS. Enquanto os CETAS são Centros de Triagem de Animais Silvestres, responsáveis pelo acolhimento temporário de animais apreendidos, os CETRAS são Centros de Triagem de Animais Silvestres em Recuperação e/ou Reabilitação e têm um enfoque mais amplo, focando na recuperação e reabilitação desses animais.
Os CETRAS surgiram da necessidade de oferecer um ambiente propício à recuperação de animais silvestres, vítimas de tráfico ou maus-tratos. Sua criação e regulamentação são respaldadas pela legislação ambiental, notadamente a Lei Federal nº 9.605/98, que trata dos crimes ambientais, e o Decreto Federal nº 6.514/08, que estabelece as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente. A regulamentação específica para os CETRAS é dada pela Instrução Normativa do IBAMA nº 179/2008, que define critérios para a instalação, funcionamento, e estrutura desses centros, garantindo que atuem de maneira ética e eficaz na reabilitação da fauna silvestre.
Os CETRAS desempenham papel na conservação da fauna silvestre, pois objetivam a recuperação física e comportamental de animais vítimas de tráfico e outras atividades ilegais. Além disso, preparam esses animais para serem reintroduzidos em seus habitats naturais. A atuação inclui cuidados veterinários, reabilitação comportamental, e programas de soltura supervisionada. Porém, estes centros não estão presentes em todas as cidades ou estados. Geralmente, são estabelecidos em regiões estratégicas, considerando a demanda e a logística de atendimento. Sua distribuição pode variar de acordo com a infraestrutura local e a incidência de crimes ambientais.
A importância dos CETRAS é clara, porém, o número de estabelecimentos ainda é insuficiente diante das demandas crescentes. Muitos CETRAS encontram-se sobrecarregados, levando alguns animais a serem encaminhados diretamente para zoológicos e não proporcionando o atendimento ideal para os animais que sofrem. Investimentos adicionais são necessários para ampliar a capacidade desses centros e garantir uma atuação mais efetiva na conservação da fauna silvestre. A conscientização da sociedade sobre a importância desses centros e a adoção de políticas públicas eficientes são passos cruciais para a preservação da biodiversidade.
Para conhecer o trabalho realizado pelos CETRAS podem ser feitas buscas no site do IBAMA ou em secretarias estaduais de meio ambiente. Muitos centros promovem ações de conscientização e de educação ambiental como palestras outros tipos de interação direta com a população. É importante lembrar que a colaboração da população é fundamental para auxiliar os CETRAS e melhorar a qualidade de vida dos animais que estão nestes estabelecimentos.
Autora: Thayara Nadal, Médica Veterinária e Assessora no projeto Vida Silvestre, Vida Livre do Fórum Animal