Assim como os humanos, animais não devem ser forçados a participar de pesquisas ou submetidos a sofrimento

Realizar pesquisas com animais de maneira ética não é apenas viável, mas essencial para avançar o conhecimento científico com integridade. 

A pesquisa com animais não humanos deve avançar considerando o que o mundo aprendeu na história da pesquisa com humanos. Atualmente, uma perspectiva ética amplamente aplicada na pesquisa com humanos é o principialismo, que foca no respeito a princípios universais para evitar injustiças e abusos.

Assim como não forçamos seres humanos a pesquisas ou os submetemos a sofrimentos indevidos, os mesmos padrões devem ser aplicados em estudos com animais não humanos. As atuais disparidades nos padrões éticos entre as pesquisas com humanos e animais não humanos podem ser reconciliadas se a lógica principialista que norteia a participação de humanos em pesquisas for estendida aos animais não humanos. 

O trabalho de Clara Mancini, pesquisadora líder do Laboratório de Interação Animal-Computador da Open University, no Reino Unido, exemplifica essa abordagem, tratando os animais não humanos não como objetos, mas como participantes ativos no processo de pesquisa. O uso de animais não humanos como instrumentos em pesquisa é intrinsecamente injusto, mas, o envolvimento deles, como participantes, pode ser defensável, sob diretrizes coerentes no sentido de priorizar seu bem-estar e autonomia. 

O estabelecimento desses parâmetros exige uma reflexão profunda sobre nossos pressupostos éticos e um compromisso em redefinir as normas de pesquisa.

Através de um entendimento profundo do comportamento, bem-estar e fisiologia dos animais não humanos, os pesquisadores podem projetar estudos que priorizam o bem-estar animal. Adotando uma abordagem interdisciplinar e combinando percepções de campos como etologia, medicina veterinária e psicologia, é possível conduzir métodos de pesquisa mais compassivos e responsáveis.

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