Fim da pesca de arrasto traz benefícios ambientais com mínimo impacto na economia

Um argumento utilizado pelos defensores da técnica da pesca de arrasto é o impacto supostamente positivo que ela traz sobre a economia brasileira. Será que procede? Muitas vezes é passível de imaginação que, no Brasil, o mercado da pesca é altamente expressivo, dada a grande extensão costeira de nosso país. Entretanto, a verdade é bem diferente disso.

A exportação brasileira de produtos de origem da pesca de arrasto é quase inexistente. Por isso, a produção dessa prática danosa ao meio ambiente é voltada para o mercado interno. Já a produção de pescados no Brasil é, em sua maioria, vinda da aquicultura. A tilápia é a espécie mais comum, correspondendo a 64% da produção nacional, e não sendo impactada pela proibição da pesca de arrasto. Assim, quando falamos em pesca de arrasto, falamos em um mercado inferior a 19% da produção nacional.  

E ainda que uma lei fosse aprovada proibindo a pesca de arrasto, existem inúmeras técnicas que continuariam existindo. Dessa forma, proibir a pesca de arrasto (que, diga-se de passagem devasta o meio ambiente) não é destruir a indústria pesqueira nacional, ou sequer gerar grande impacto a economia brasileira. 

A economia brasileira, aliás, pode até ser favorecida ao promover o crescimento da aquicultura – que corresponde a 80% das riquezas produzidas envolvendo pescados nacionais, um mercado de 20 bilhões de reais.

Lembrando que o Fórum Animal não apoia qualquer exploração de animais. A substituição de fontes de proteína animal por outras de origem não-animal é nossa principal estratégia de promoção da sustentabilidade.

No entanto, quando o Brasil escolhe manter a pesca de arrasto, escolhe a extinção e sofrimento de espécies-alvo e espécies acompanhantes, escolhe a poluição de rios e mares, escolhe a destruição de berçários da fauna, como são os corais. O país opta deliberadamente pela queda vertiginosa de populações de animais aquáticos, o que dificulta a principal atividade econômica das comunidades ribeirinhas e caiçaras. 

Escolher manter a pesca de arrasto é optar por uma técnica de pesca em escala industrial, que destrói os habitats marinhos em troca de uma fatia ínfima da economia, inferior a 2,5% de nosso PIB. 

Por quanto tempo mais vamos escolher a poluição, a crueldade com os animais, a extinção de espécies e a fome de comunidades vulneráveis para atender a demanda de uma parcela PEQUENA da indústria do pescado?

Você se importa com os animais? Então vem conosco contra a pesca de arrasto! Clique neste link e conheça a iniciativa ProDAA (Proteção e Defesa dos Animais Aquáticos), vinculada ao Fórum Animal.

Autora: Giulia Simionato, veterinária e assessora do ProDAA do Fórum Animal

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