Animais são “instagramáveis”? Entenda os riscos dessa atitude

As redes sociais, se bem utilizadas, podem ser um excelente meio de comunicação e de compartilhar informações. Podem ser um espaço para registrarmos momentos importantes da nossa vida. Para os animais, as redes também podem ser uma ferramenta para auxiliar a localizar os que estão perdidos, ou para conseguir lares afetuosos para os que precisam de uma família.

No entanto, como todo instrumento, a rede social pode acabar sendo prejudicial se for mal utilizada. Recentemente, foi noticiado o caso de uma modelo britânica que colocou seu cachorro de estimação para adoção por não considerá-lo mais “instagramável”.

O termo “instagramável” é geralmente associado a locais, como cafés e restaurantes, que têm uma decoração ou design “moderno” e que, segundo seus frequentadores, melhor se encaixa na produção de fotos e vídeos para serem postados nas redes sociais.

A necessidade de alguns humanos de aparentar ter uma vida digital interessante pode não causar danos a terceiros. Pode ser maléfica para si e também confundir os seguidores mais desatentos, distanciando-os da “vida real” e dos problemas que muitos não querem ter. Nesta situação, todos deveriam estar cientes dos riscos e fazer um uso racional das redes sociais, mas é uma escolha individual.

O problema, no exemplo que mencionamos (da modelo que doou o cachorro por não achá-lo “instagramável”), é a objetificação das vidas dos animais por interesses humanos egoístas e que ignoram as necessidades desses seres. Adquirir animais (sejam comprados ou adotados) para “engajar” nas redes sociais é uma conduta moralmente condenável. Explorar os animais e depois descartá-los, por sua aparência não ser “instagramável”, é ainda pior.

Assim como devemos ter um uso racional e ético das redes sociais ao publicamos fotos de crianças, por exemplo, deveríamos ter cautela semelhante sobre outros indivíduos que não podem optar sozinhos se querem ser expostos. No caso dos animais, às vezes a exposição acontece em condições vexatórias ou que contrariam comportamentos naturais da espécie.

Expor o animal de estimação nas redes sociais é um debate ético e moral importante nestes tempos de alta conectividade. Dependendo de como isso ocorre, pode ser inofensivo. Mas há cuidados necessários para não ser uma forma de exploração ou maus-tratos.

Lembre-se: o animal não é um objeto. Adote animais de maneira consciente e ética. Seja um tutor ou tutora responsável, o seu cão ou gato não nasceu para ser “instagramável”!

Autora: Haiuly Viana, Médica Veterinária e Gerente Técnica do Fórum Animal

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