Oscar 2024: era realmente necessária a presença do cão Messi?

No dia 10 de março (domingo) ocorreu a cerimônia do Oscar e, entre os destaques, estava a participação do cão Messi. O cão, da raça border collie, de sete anos, foi considerado pela crítica especializada e por espectadores como crucial para o desenvolvimento do roteiro do filme Anatomia de uma Queda, indicado a cinco estatuetas, entre elas de melhor filme. O animal inclusive chegou a ser premiado com uma “Palma Canina” em Cannes, troféu não-oficial que celebra os animais em filmes e séries.

O cão, considerado “intérprete” do personagem Snoop, cão-guia do personagem Daniel, um adolescente com deficiência visual, foi um dos destaques da noite e recebeu o carinho do público após sua participação no longa francês. Messi foi treinado em Paris por sua tutora e chegou a gravar “propagandas” para o Oscar.

Apesar de alguns cuidados para minimizar o estresse do animal, como a gravação de sua participação no evento antes do início da cerimônia e com um público diminuto, é fato que ainda existem problemas envolvendo a presença de animais em cerimônias desse tipo.

No caso de Messi, houve a necessidade de uma viagem longa, que sabidamente para alguns animais é fonte de ansiedade e desconforto; há também os estímulos (visuais e sonoros) exacerbados, interações excessivas com humanos (diferentes do seu convívio habitual), entre outras questões.

Sabemos que novelas, séries e filmes podem incluir em seus enredos a interação de pessoas e animais, desde que seja feito de maneira saudável e confortável para todos os envolvidos. Entretanto, é preocupante e deve ser sempre questionado a necessidade de expor animais a ambientes com níveis de estresse e estímulos elevados, como sets de filmagens e premiações.

Com o avanço da tecnologia, é mesmo necessário utilizar os animais que não escolheram serem “atores” para “protagonizar” histórias humanas?

E mesmo para animais com certo grau de treinamento, como Messi, e graus de socialização que toleram esses níveis de interação, é preocupante que sejam colocados nessa posição que mescla protagonismo e objetificação. E você, o que acha do assunto?

Autora: Haiuly Viana, Médica Veterinária e Gerente Técnica do Fórum Animal

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